quarta-feira, 30 de março de 2011

523. Rastreio de cancro oral dirigido à população do Porto

O edifício da Alfândega vai receber amanhã, quinta-feira, o primeiro rastreio gratuito de cancro oral dirigido à população do Porto. Uma iniciativa pioneira, promovida pelo Grupo CESPU - Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, que poderá servir de modelo em futuras acções públicas no combate ao cancro oral. O rastreio, que decorre entre as 10h00 e as 17h00, consiste num exame clínico detalhado completamente indolor, e vai contar com a presença de um dos maiores especialistas internacionais nesta área, também conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Na Europa, Portugal e Espanha estão na linha da frente da incidência do cancro oral. Segundo os últimos números disponíveis, em 2008, estima-se que tenham ocorrido 1025 novos casos de cancro da cavidade oral no nosso país. "São números que nos devem preocupar e estimular, no sentido de realizar e promover iniciativas dirigidas à população, de forma a inverter estes resultados", defende Luís Monteiro, médico dentista da rede Nova Saúde e professor de Patologia Oral do Grupo CESPU. Tanto mais, acrescenta, que "grande parte é detectada tardiamente e mais de metade morre de cancro oral ao fim de cinco anos".

Sendo a prevenção uma das áreas prioritárias a intervir, o Grupo CESPU, através da rede Nova Saúde, vai promover esta quinta-feira, dia 31 de Março, no edifício da Alfândega, o primeiro rastreio gratuito dirigido à população do Porto. "A CESPU foi pioneira na prestação destes rastreios à população. Em 2010, começámos a fazer rastreios de cancro oral, juntamente com o Hospital Nossa Senhora da Conceição e Câmara Municipal de Valongo, à população de Valongo. Em 2011, vamos manter este tipo de iniciativas, agora promovendo um mega-rastreio no centro da cidade do Porto", explica Luís Monteiro.

Num inquérito realizado entre Fevereiro e Março deste ano a 501 utentes que frequentam a consulta externa do Hospital Nossa Senhora da Conceição de Valongo, concluiu-se que 98,5 por cento dos inquiridos nunca efectuou nenhum rastreio de cancro oral. "Este é um cenário que urge mudar. Campanhas de educação devem ser estabelecidas para permitir informação sobre o cancro oral e motivar as populações a prevenir-se contra esta patologia", adverte Luís Monteiro. Até porque, segundo o mesmo estudo, o conhecimento de cancro oral na população inquirida revela ser deficiente, com grande parte dos inquiridos a admitir nunca ter ouvido falar em cancro oral. É curioso notar que este foi o tipo de cancro menos referido e menos conhecido que o cancro do pâncreas, com uma incidência bastante menor que o cancro oral.

O rastreio na Alfândega do Porto vai decorrer entre as 10h00 e as 17h00 e vai consistir num exame clínico detalhado completamente indolor e numa sessão de ensino e orientação sobre cancro oral, envolvendo docentes e alunos do curso de Medicina Dentária da CESPU, coordenados pelo britânico Saman Warnakulasuryia, o especialista que mais tem realizado rastreios de cancro oral no mundo, sendo mesmo conselheiro da OMS nesta área.
Informação recebida por correio electrónico

segunda-feira, 28 de março de 2011

522. Dentes: Profissionais acusam o Estado de não dar prioridade à saúde oral

O medo e a falta de dinheiro e de informação afastam os portugueses da cadeira do dentista. Portugal é dos países da Europa que têm pior saúde oral, com quase todas as crianças a apresentarem pelo menos uma cárie e com elevado número de idosos sem dentes. Cáries, doenças gengivais, falta de dentes e dores articulares, resultantes da falta de tratamento e de reabilitação incorrecta, obrigam muitos portugueses a enfrentar a temível broca do dentista. O especialista Ricardo Marques aponta o dedo ao Estado pelo desinteresse na instrução de crianças, adultos e idosos para as boas práticas de saúde dentária, e na adopção de programas de promoção da higiene oral nas escolas e nos lares de terceira idade. Para este especialista em Medicina Dentária, medidas como os cheques-dentista para idosos, crianças ou grávidas são "populistas e pouco abrangentes". Outro problema é a organização do Serviço Nacional de Saúde, que fica aquém das necessidades: "Faltam médicos nos centros de saúde", acusa. Há também um obstáculo cultural. "Temos uma cultura superpenalizadora do dentista e uma falta de apelo à estética dentária", critica o especialista, para quem a má higiene oral é um problema "estrutural". A dor é o sintoma, e o tratamento passa por ir ao dentista, pelo menos uma vez por ano. A prevenção é o remédio: alimentação cuidada, escovagem dos dentes várias vezes ao dia com uma pasta rica em flúor, passar a fita dentária e bochechar com elixir. "O adiar dos problemas da medicina dentária gera outros mais complexos, caros e penosos", adverte Ricardo Marques. A saúde oral condiciona o bem-estar, e a falta de tratamento, ou quando este não é apropriado, leva a outros problemas: enxaquecas, mau hálito ou doenças gástricas. A ausência de um sorriso perfeito reflecte-se na auto-estima. Preocupantes são também as faltas ao trabalho. Cerca de 100 euros anuais bastam para manter os dentes saudáveis. A ausência de idas ao dentista pode custar 30 mil euros. "Poupam-se milhões em consultas e antibióticos, reduzem-se as baixas e os atrasos no trabalho", alerta Ricardo Marques, lamentando que a "saúde oral não seja uma prioridade no País".

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DISCURSO DIRECTO

"FOI DISTRIBUÍDO UM MILHÃO DE CHEQUES-DENTISTA"

Rui Calado, Coord. do Programa de Promoção da Saúde Oral


– Os programas de promoção da saúde oral são suficientes?
– Estão a ser desenvolvidos de forma satisfatória. Garantimos o acesso dos grupos mais vulneráveis ao dentista. Já há muitas crianças sem cáries, e queremos alargar a atribuição de cheques--dentista a pessoas infectadas com o vírus da sida.
– A saúde oral é uma prioridade?
– Em 2010, foi dos únicos programas que não sofreram cortes no orçamento e, nos últimos dois anos e meio, conseguimos entregar um milhão de cheques-dentista. Isto demonstra bem a dedicação do Estado.
– Faltam dentistas nos centros de saúde?
– Não é preciso construir consultórios nos centros de saúde. Aí há higienistas orais que prestam cuidados de prevenção primários. Para os casos mais graves, temos 3800 profissionais que têm um acordo com o Serviço Nacional de Saúde, a operar em consultórios privados.
Correio da Manhã

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O especialista alerta as entidades governamentais: por 100 euros que o estado investisse na saúde oral dos portugueses pode poupar 30 000 euros (ou seja, investindo agora 100 euros anualmente pode vir a poupar até 29 900 euros no futuro) . Será que o Governo e a Direcção – Geral de Saúde vão continuar a negar o acesso da maioria dos portugueses a cuidados básicos de saúde oral? Que é feito das centenas de consultórios dentários do Serviço Nacional de Saúde encerrados? E o Ministério da Educação vai continuar a gastar milhares de milhões de euros em reformular o parque escolar e a esquecer-se por completo que as crianças e jovens precisam de cuidados de saúde oral? E porque é que as organizações médicas ligadas à saúde oral continuam a manter quase um silêncio completo sobre o estado calamitoso da saúde oral em Portugal? A vergonha em política tem limites, senhores governantes.

domingo, 20 de março de 2011

521. Alunos da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa em protesto

(Tecle sobre as imagens para ver o vídeo)

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Os alunos da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa estão em greve contra os cortes orçamentais. Os quarto e quinto anos são essencialmente práticos e atendem cerca de 100 utentes por dia, mas por causa dos cortes falta-lhes material básico para as consultas.

Esta quarta-feira, fizeram um protesto silencioso, com máscaras pretas em vez das máscaras clínicas. Perto de 500 consultas tiveram de ser adiadas esta semana. Os alunos aproveitaram a inauguração de uma nova clínica na faculdade para mostrar o descontentamento e tentar encontrar uma solução.

quinta-feira, 17 de março de 2011

520. Prevençao em saúde oral

http://www.casimirodeandrade.com/
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PREVENÇÃO - Escovagem
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· Antes, usar um elixir bucal;
· Depois, passar o fio/fita dental (pelo menos, uma vez por dia);
· Utilizar uma pasta dentífrica fluoretada;
· Deve ser efectuada nos 15 minutos após cada refeição;
· Deve ser feita de manhã (ao levantar) e à noite (ao deitar);
· A escova deve ser média ou macia, nunca dura, e ser substituída de mês e meio em mês e meio ou, no máximo, a cada três meses;
· Passar por todas as superfícies dos dentes;
· Manter os dentes limpos principalmente junto à linha gengival, evitando a placa bacteriana e o tártaro.
PREVENÇÃO - Hábitos e precauções com os
dentes temporários (de leite)
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· Lembre-se que a sua criança gosta de brincar com a escova mas não consegue verdadeiramente limpar os dentes. A escovagem, para ser bem sucedida, necessita de ser efectuada com um controlo dos movimentos finos, o que normalmente surge na criança por volta dos 7 ou 8 anos, quando a mesma aprende a escrever e desenvolve destreza nas mãos;
· Escovar ao levantar, deitar e depois das refeições ;
· Limitar lanches entre as refeições, principalmente com alimentos e/ou bebidas açucaradas;
· Evitar as bebidas gaseificadas, pois provocam erosão dos dentes;
· Cuidado com os alimentos adesivos, uma vez que quanto mais adesivos mais cariogénicos (exemplos: caramelos, rebuçados, ...);
· Ter o cuidado de explicar à criança que não deve ingerir a pasta dentífrica;
· Usar uma pequena porção de pasta dentífrica na escovagem (guie-se pelo tamanho da unha do dedo mindinho);
· Os filamentos da escova devem ir de encontro às várias faces dentárias, executando movimentos de rotação suaves;
· Aplicar flúor na criança de 6 em 6 meses e usar diariamente uma pasta dentífrica fluoretada.

PREVENÇÃO - Outros conselhos
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· Visitar regularmente o médico dentista (no mínimo, uma vez por ano);
· Fazer uma dieta equilibrada e substituir os doces por alimentos mais nutritivos como queijo, frutas ou vegetais;
· Evitar que a criança tenha o hábito de chuchar no dedo: pode causar problemas no posicionamento dos dentes e no crescimento dos maxilares;
· Evitar fumar;
· Selar todos os dentes que possuam sulcos ou fissuras, quer sejam temporários, quer sejam permanentes (aplicação de uma camada de resina sobre a face de mastigação do dente, protegendo-o das agressões bacterianas). 80% das cáries surgem nos sulcos e fissuras e só 20% surgem nas superfícies lisas. O flúor só actua perante superfícies lisas, o que significa que só protege 20% das cáries.

terça-feira, 15 de março de 2011

519. Saúde escolar: realidade ou ficção em Portugal?




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Qualquer sistema de ensino moderno e eficiente suporta-se também de um eficaz sistema de saúde escolar. O exemplo apresentado na imagem refere-se aos Estados Unidos.
Pelo contrário, em Portugal, a maior parte das crianças e adolescentes nunca terão qualquer tipo de apoio em termos de saúde escolar, e muito menos em termos de saúde oral. Todo o que se faça em algumas escolas resulta da carolice de alguns professores.
É assim o destino traçado às actuais gerações que frequentam o ensino básico e secundário em Portugal.

Gerofil

quarta-feira, 9 de março de 2011

518. UNICEF pede mais atenção aos adolescentes para quebrar o ciclo de pobreza

A comunidade internacional deve intensificar os investimentos nos adolescentes se quiser quebrar o ciclo de pobreza, especialmente nos países menos desenvolvidos, que têm uma população muito jovem, advertiu a UNICEF, num relatório hoje divulgado. O relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância, intitulado “Adolescência - Uma Fase de Oportunidades”, aborda a situação mundial da infância.

A UNICEF revela que o mundo tem 1,2 mil milhões de adolescentes entre 10 e 19 anos, sendo 18 por cento da população mundial. O estudo explica que os países devem começar a mostrar o mesmo interesse na adolescência que têm dado a crianças nas últimas duas décadas e que permitiu avanços consideráveis no combate à mortalidade infantil ou na escolarização fundamental, entre outros indicadores

.A taxa global de mortalidade de crianças menores de cinco anos foi reduzida em 33 por cento nos últimos 20 anos, ao mesmo tempo que se conseguiu colocar mais meninas na escola primária, informa o estudo. Em contrapartida, os progressos realizados em relação à adolescência 'foram menores” e o estudo mostra que mais de 70 milhões de jovens em idade de frequentar o ensino secundário não estão nas escolas, a maioria raparigas.

A UNICEF adverte que 'se os adolescentes não são educados, não conseguem adquirir os conhecimentos e as habilidades necessárias para evitar os perigos que representam o abuso, a exploração e a violência a que estão expostos'. O relatório cita como exemplo o Brasil, que conseguiu evitar a morte de 26 mil crianças entre 1998 e 2008, mas cerca de 86 mil adolescentes - entre 15 e 19 - perderam a vida por causa da violência e da delinquência.

O estudo aponta ainda que cerca de 30 por cento dos novos casos de HIV/SIDA se registam anualmente nos jovens entre 15 e 24 anos, acrescentando que nos países em desenvolvimento um em cada três adolescentes casa antes dos 18 anos. Segundo a UNICEF, a adolescência é a fase da vida em que as desigualdades se manifestam 'mais claramente', particularmente para 88 por cento dos adolescentes que vivem em países em desenvolvimento, recordando que 81 milhões de jovens no mundo não têm um emprego.

A agência das Nações Unidas recomenda a recolha de dados mais precisos sobre a situação real dos adolescentes e, posteriormente, o aumento do investimento em educação e capacitação para saírem da pobreza. A UNICEF apela a que se incentivem os jovens a uma maior participação na vida pública, à promulgação de leis e programas que protejam os adolescentes e ao combate das condições sociais que os impedem de fugir à pobreza.


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A UNICEF lembra a todos que o combate à pobreza e à exclusão social começa na infância. Também em Portugal torna-se necessário apostar em políticas que possibilitem o combate à pobreza e à exclusão de crianças e adolescentes, particularmente daqueles que sejam oriundos das classes sociais mais desfavorecidas.

A adolescência (entre os 12 e os 17 anos, ou seja, a idade em que os jovens frequentam o Terceiro Ciclo do Ensino Básico e o Ensino Secundário em Portugal) constitui a fase da vida que vai determinar a personalidade futura dos homens e das mulheres; é muito importante a concentração de esforços no sentido de dotar os jovens das ferramentas que irão necessitar para o resto das suas vidas. Assim, é também nesta fase da vida em que se deve apostar nos cuidados de saúde primários, incluindo a saúde oral.
Infelizmente, em Portugal, a esmagadora maioria dos jovens entre os 12 e os 17 anos não tem possibilidades de acesso a cuidados de saúde dentários e os cheques-dentistas servem mais de propaganda do que realmente fazer qualquer tipo de tratamento idóneo.
Portugal, em termos de saúde primária, designadamente em saúde oral, não é certamente local aconselhado para jovens crescerem em segurança.
O acesso a cuidados de saúde oral primários deveria ser prioridade absoluta na área da saúde infantil e juvenil. Hoje largas centenas de milhares de crianças e jovens portugueses continuam sem ter qualquer possibilidade de acesso de cuidados de saúde oral; amanhã serão homens e mulheres frustrados por viverem num país onde os cuidados de saúdes são proporcionados às pessoas consoante a sua origem social. Alguém do governo capaz de ser sensível à questão?
Para quando um Cartão Nacional de Saúde Oral?

terça-feira, 1 de março de 2011

517. Bruxelas apresenta programa de acções para reforçar direitos dos menores

De acordo com o executivo comunitário, esta iniciativa “enumerará uma série de ações concretas através das quais a UE pode contribuir com um valor acrescido para as políticas nacionais que visam o bem-estar e segurança das crianças, promovendo designadamente um acesso à Justiça adaptado às crianças, quando estas têm de participar num processo judicial, uma melhor informação sobre os seus direitos e tornando a Internet mais segura para elas”.
Trata-se, segundo Bruxelas, de “reafirmar o compromisso
forte do conjunto das instituições da UE e dos Estados-membros em promover e proteger os direitos das crianças em todas as políticas europeias”.
“Convém que, no futuro, as políticas da União Europeia (UE) que afetem direta ou indiretamente as crianças sejam concebidas, aplicadas e seguidas tendo em consideração o superior interesse
das crianças”, defende o executivo comunitário.
A Comissão nota, a propósito, que “numerosas ações tomadas pela UE têm incidências sobre as crianças”, pelo que “a União pode por isso trazer, em múltiplos domínios, uma mais-valia essencial”, podendo tanto apoiar a ação dos Estados-membros, como ajudá-los, fornecendo um quadro para a adoção de boas práticas
em vigor no espaço comunitário.
Bruxelas lembra que os direitos das crianças estão integrados nos “direitos fundamentais que a UE se compromete a respeitar em virtude da carta dos direitos fundamentais da União Europeia” e sublinha que o Tratado de Lisboa, em vigor há cerca de um ano, “impõe também à UE a promoção da protecção dos direitos das crianças”.
Destak
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Portugal precisa urgentemente de definir na lei, preto no branco, o direito de todas as crianças e adolescentes terem acesso a cuidados de saúde dentários, sem quaisquer descriminações de origem racial, estrato social, cor política dos pais, idade ou quaisquer outras formas de discriminações encobertas e com base na ignorância infantil ou falta de ética das entidades de saúde ou escolares.
Num país onde se forçam os jovens a prolongar a vida escolar sem que isso lhes garanta nenhum futuro em termos de projecto de vida, as autoridades centrais e o poder político ainda fazem tábua rasa dos mais elementares direitos à dignidade do ser humano, recorrendo à imaturidade psicológica das crianças e jovens e negando-lhes os mais elementares direitos humanos que são o acesso a determinados cuidados de saúde que condicionam o resto da vida de qualquer pessoa.